19 dezembro 2006

Sugestão para o Natal...

14 dezembro 2006

Dos tempos do professorado

Well, Is it true what they say about it
You wanna do what I do and I doubt it
And then they tell you anything about it
Yeah, I know

I got some people say it's this way
I got some people say it's that way
And then some people say there's no way

Hell, I know

[Chorus:]
See that idiot walk
See that idiot talk
See that idiot shock up his name on the backboard
See that robot walk
See that robot talk
See that robot write up his name on the battle
They say this is all I need you to get by
The truth is, baby, it's a lie-ie-ie-ie-ie

Well, Is it true what they say about it
You gotta do what I do and I doubt it
I announce I wanna do something about it
Ain't it fair

I got some people doing it this way
I got some people doing it that way
And then some people
Ain't it fair

[Chorus]

I got a martulation
And through a miracle of bad equation
You gave up and you started thinking
They were true

If you are beauty and combination
Body at work and a mind on vacation
We're on a tray we started thinking
It was you

[Chorus]



The Hives, Walk, Idiot, Walk

12 dezembro 2006

MAR DE ROSAS

Nós sonhamos rosas
Sós na solidão
E vivemos num mar de prosas
Ai, com rosas no coração

Pintando vidas
Construidas talvez em vão
em jardins de rosas perdidas
Ai, no vento duma paixão

E, nos amores
vai-se a razão
Risos e dores
Versos e flores
Quanta ilusão

Nós vivemos num mar de rosas
Ai, com espinhos no coração
Nós vivemos num mar de rosas
Ai, com espinhos no coração

Misteriosas
Estas rosas na minha mão
Mas não há milagres nem rosas
Ai, quando nos dizem que não

Outros caminhos
Com pés no chão
E de novo vamos sozinhos
Ai, ninguém nos pede perdão

Nem os amores
Nem a razão
Risos e dores
Versos e flores
Dura lição

Como se as horas formosas
Pudessem dar rosas
Que os sonhos não dão

Nós vivemos num mar de rosas
Ai, com espinhos no coração
Nós vivemos num mar de rosas
Ai, com espinhos no coração

Carlos Paião

02 dezembro 2006

(...) Sou aquele que, esta noite, te viu partir, que olhou para ti quando os teus olhos se despediram e que não pôde fazer nada senão olhar para ti, o corpo que foi meu, e vê-lo afastar-se, cada vez mais longe dos meus braços. Sou aquele que nasceu lá no sul, longe de toda as desilusões, no lugar onde o passado pára, no último lugar do passado. Sou aquele que sonhou com tudo aquilo que é proibido sonhar. Sou aquele que é todos estes e muito mais do que estes e que caminha por um passeio deserto, o nevoeiro, o brilho morrente da luz na água fina da chuva, sob um céu cinzento, sob a lua como um ponto para onde tudo se dirige. Caminho nesta manhã como se entrasse dentro de uma casa vazia, a casa que conheci, que foi minha e que abandonei, como se subisse as escadas dessa casa de salas mortas, cadeiras mortas, camas mortas, como se me aproximasse da janela e olhasse lá para fora, como se uma voz negra e terrível me atravessasse.
A manhã é ainda lunar.
Nunca mais poderei deixar o meu corpo esquecido junto ao teu. O mundo que não existia longe da tua pele. Os meus dedos a deslizarem pela superfície da tua pele. E o desejo enganava-nos. Os meus dedos entre os teus cabelos e a inocência. A claridade dos dias que nasciam na tua pele branca, na forma suave da tua pele feita de silêncio. A inocência repetida em cada palavra da tua voz, como água de uma fonte, como a minha mão a atravessar o ar e a dirigir-se para o teu rosto. O teu olhar era a inocência. O meu olhar. E o silêncio de cada vez que queríamos falar de assuntos mais impossíveis do que a memória. Nunca mais poderei sonhar porque tu não estarás ao meu lado e, descobri hoje, só posso sonhar contigo ao meu lado. Espetada infinitamente em mim, uma faca infinita. Deixei de imaginar o futuro. Sobre esse tempo que não sei se chegará existe um manto muito mais negro do que aquele que cobre o passado. Não consigo olhar através desse tempo negro. O futuro estará depois de muitas noites, mas eu deixei de imaginar as noites. Sei que, da mesma maneira que esta noite se cobriu de manhã, esta manhã poderá anoitecer. Consigo imaginar cada tom das suas cores a tornarem-se negras. Não consigo imaginar este tempo a transformar-se noutro tempo. Contigo, perdi tudo o que fui para não ser mais nada. Deixei-me ficar nos sonhos que tivemos. Abandonei-me. Nunca mais entenderemos a lua como quando acreditávamos que aquela luz que atravessava a noite nos aquecia. Nunca mais. Nunca mais poderemos sonhar. Nunca mais. (...)

José Luis Peixoto, Lunar

28 novembro 2006

Massive Attack - Angel






You are my angel
Come from way above
To bring me love

Her eyes
She's on the dark side
Neutralize
Every man in sight

To love you, love you, love you ...

You are my angel
Come from way above

To love you, love you, love you ...

26 novembro 2006

AVDITE, ET SCIERIS

Santana - She's Not There




(...) Please don't bother tryin' to find her
She's not there

Well let me tell you 'bout the way she looked
The way she'd act and the colour of her hair
Her voice was soft and cool
Her eyes were clear and bright
But she's not there(...)

The original by Zombie

24 novembro 2006

O Fruto da Democracia

O Mito do Minotauro



---E que nome davam ao rabujador?---

Air - Playground Love



---Anytime, anywhere, you're my Playground Love---

23 novembro 2006

Laidback, Happy Dreamer




--- I believe that Love can change the World ---

18 novembro 2006

Panquecas

16 novembro 2006

Manu Chao - Me Gustas Tu



Que voy hacer, je suis perdu

03 novembro 2006

Presidente da Junta

01 novembro 2006

Biological

Thousands of hairs
Two eyes only
It's you

Some skin
Billions of genes
Again it's you

XX XY
That's why it's you and me

Your blood is red
It's beautiful genetic love

Biological
I don't know why I feel that way with you
Biological
I need your DNA

Your fingerprints
The flesh, her arm, your bones
I'd like to know
Why all these things move me

Let's use ourselves to be as one tonight
A part of me would like to travel in your veins

Biological
I don't know why I feel that way with you
Biological
I need your DNA

Air, Talkie Walkie

30 outubro 2006

Ora aspiro, ora temo, ou duvido;
Ora grave, ora meigo, ora severo;
Ora engeito, ora peço, ora não quero;
Ora páro, ora tenho, e ora envido:

Ora inculto, ora monstro, ora Cupido;
Ora prompto, ora tímido, ora féro;
Ora livre, ora escravo, e ora impéro;
Ora amante, ora ingrato, ora sentido;

Ora morro, ora vivo, ora me afogo,
Ora rio, ora choro, ora me assanho;
Ora já, ora não, e ora logo.

Ora envido, ora perco, e ora ganho;
Ora incendio, ora neve, e ora fogo;
Estranho variar de amor estranho!


Esopaida, ou Vida de Esopo

26 outubro 2006

Apocalyptica - Inquisition Simphony



asasas

PRIMA INTER PARES

asasas

Set me free

asasas
Set me free, little girl.
All you gotta do is set me free, little girl.
You know you can do it if you try,
All you gotta do is set me free, free,
Free.

Set me free, little girl.
All you gotta do is set me free, little girl.
You know you can do it if you try,
All you gotta do is set me free, free,
Free, free.

I don't want no one,
If I can't have you to myself.
I don't need nobody else.
So if I can't have you to myself,

Set me free.
Set me free.

Oh set me free, little girl.
All you gotta do is set me free, little girl.
You know you can do it if you try,
All you gotta do is set me free, free,
Free, free.

I don't want no one,
If I can't have you to myself.
I don't need nobody else.
So if I can't have you to myself,

Set me free.
Set me free.

Oh set me free, little girl.
All you gotta do is set me free, little girl.
You know you can do it if you try,
All you gotta do is set me free, free,
Free.

Set me free,
Oh, set me free.

Ray Davies & The Kinks

21 outubro 2006

Balade de mercy

asasasas

A Chartreux et a Celestins,
A Mendians et a Devottes,
A musars et claquepatins,
A servans et filles mignottes,
Portans surcortz es justes cottes,
A cuidereaux d'amours transis,
Je crie a toutes gens mercis.

A fillettes monstrans tetins,
Pour avoir plus largement hostes,
A ribleurs mouveurs de hutins,
A bateleurs traynans marmottes
A folz er folles, sotz et sottes,
Qui s'en vont siflant six a six,
A marmosetz et mariottes,
Je crie a toutes gens mercis.

Si non aux traistres chiens mastins
Qui m'ont fait rongier dures crostes
Et maschier, mains soirs et matins,
Qu'ores ja ne crains pas trois crottes.
Je feisse pour eulx petz et rottes;
Je ne puis, car je suis assis.
Au fort, pour eviter riottes,
Je crie a toutes gens mercis.

Qu'on leur froisse les quinze costes
De gros mailletz, fors et massis,
De plombees et telz pelottes.
Je crie a toutes gens mercis.

Francois Villon

04 outubro 2006

Taking A Pause



First two tracks of the album Chill in India. They have been, in the last few days, my only way to relax, and to think of you calmly

21 setembro 2006



(...) tu semper eris nostrae gratissima uitae,
                Taedia dum miserae sint tibi luxuriae.

Propércio, Eleg. 2
 

... porque é incontestável...




1º Os fenómenos espíritas são produzidos por inteligências extracorpóreas, às quais também se dá o nome de Espíritos;
2º Os Espíritos constituem o mundo invisível; estão em toda parte; povoam infinitamente os espaços; temos muitos, de contínuo, em torno de nós, com os quais nos achamos em contacto;
3º Os Espíritos reagem incessantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral e são uma das potências da Natureza;
4º Os Espíritos não são seres à parte, dentro da criação, mas as almas dos que hão vivido na Terra, ou em outros mundos, e que despiram o invólucro corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que nós, morrendo, nos tornamos Espíritos;
5º Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância;
6º Todos estão submetidos à lei do progresso e podem todos chegar à perfeição; mas, como têm livre-arbítrio, lá chegam em tempo mais ou menos longo, conforme seus esforços e vontade;
7º São felizes ou infelizes, de acordo com o bem ou o mal que praticaram durante a vida e com o grau de adiantamento que alcançaram. A felicidade perfeita e sem mescla é partilha unicamente dos Espíritos que atingiram o grau supremo da perfeição;
8º Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se aos homens; indefinido é o número dos que podem comunicar-se;
9º Os Espíritos comunicam-se por médiuns, que lhes servem de instrumentos e intérpretes;
10º Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos pela linguagem de que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.

Allan Kardec, O Livro dos Médiuns

11 setembro 2006

07 setembro 2006



Na criação do mundo, no núcleo deste planeta, a Entidade Criadora gravou uma imagem; o ser com responsabilidade moral para gerir a vida neste planeta seria feito a partir dessa imagem. Tu, porém, não foste feita com base nesse molde: tu és esse molde impregnado de vida. És um talismã para a Humanidade.

04 setembro 2006


 

03 setembro 2006

(...) Monotonizar a existência, para que ela não seja monótona. Tornar anódino o quotidiano, para que a mais pequena coisa seja uma distracção. No meio do meu trabalho de todos os dias, baço, igual e inútil, surgem-me visões de fuga, vestígios sonhados de ilhas longínquas, festas em áleas de parques de outras eras, outras paisagens, outros sentimentos, outro eu. Mas reconheço, entre dois lançamentos, que se tivesse tudo isso, nada disso seria meu. Mais vale, na verdade, o patrão Vasques que os Reis de Sonho; mais vale, na verdade, o escritório da Rua dos Douradores do que as grandes áleas dos parques impossíveis. Tendo o patrão Vasques, posso gozar o sonho dos Reis de Sonho; tendo o escritório da Rua dos Douradores, posso gozar a visão interior das paisagens que não existem. Mas se tivesse os Reis de Sonho, que me ficaria para sonhar? Se tivesse as paisagens impossíveis, que me restaria de impossível? (...)

Bernardo Soares, Livro do Desassossego (trecho 171)




 

21 agosto 2006

---MUDANÇA DEFINITIVA NO MEU SISTEMA DE VALORES---

16 agosto 2006

Nietzsche


O verdadeiro, o único, na sua derradeira máscara...

15 agosto 2006



Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira no peito um grito,
à desfilada

Canta rouxinol canta
não me dês penas,
cresce girassol cresce
entre açucenas

Afaga-me o corpo todo
se te pertenço,
rasga-me o ventre ardendo
em fumos de incenso

Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira no peito um grito,
à desfilada

Ai como eu te quero,
ai de madrugada,
ai alma da terra,
ai linda, assim deitada

Ai como eu te amo,
ai tão sossegada,
ai beijo-te o corpo,
ai seara, tão desejada.



Fausto, Por Este Rio Acima (1982)

08 agosto 2006

Kadoc - Nighttrain


A minha avó... de fato de treino
Heroes del Silencio - Entre dos tierras

05 agosto 2006

Rammstein - Rosenrot



Grande vídeo... Perfeito.

---WAS SIE WILL BEKOMMT SIE AUCH---

Vaya Con Dios - Nah neh nah

The White Stripes - Fell In Love With A Girl



---SHE'S IN LOVE WITH THE WORLD---

04 agosto 2006

Jacques Brel, Ne me quitte pas

Assim, completamente desgraçado, de rastos, pressentindo a miséria do que poderá um dia acontecer, assim te digo:


03 agosto 2006

I do not swear I will remember you;
I have sworn that before - and have forgot,
and vowed eternities too many times
to tarnish this with phrases I hold cheap.
I will not even say you are my love;
the word is trite, beribboned, tired with use,
and has grown sickly with the world's abuse.

I say that you are young, when all around
the years are weary, hearts destroy themselves,
and the bright morning of an April day
scarcely moves the dark; and you are clean
when dust of ages blows about the fields
and the new corn is stifled at its birth.
I say that I would choose, if choice were mine,
with all the honesty my heart can give,
to be your fellow out across the hills.

I do not swear I will remember you.
The lines we follow may diverge today
to meet each separate end. But I can say
when I am old, that once the world was true
and I was fearless and was not alone,
and broke the barriers of blood and bone
into the regions of a brighter star;
and when I smell the fragrant dusk of spring
I will be still with joy, remembering
these days no threat, no falsity can mar.



Jane Tyson Clement, No One Can Stem the Tide: Selected Poetry 1931-1991

30 julho 2006

Portishead - All Mine




WE SHALL EXIST UNTIL THE DAY I DIE


Há coisas inexplicáveis... tais como gostar de ti, ao mesmo tempo que gosto desta música... Bizarro! Mas que importa... tanto tu como a música me fazem feliz.

Bob Marley - Waiting in vain

27 julho 2006

Sepultura - Territory





Unknown Man
Speaks To The World
Sucking Your Trust
A Trap In Every Word

War For Territory
War For Territory

Choice Control
Behind Propaganda
Poor Information
To Manage Your Anger

War For Territory
War For Territory

Dictators’ Speech
Blasting Off Your Life
Rule To Kill The Urge
Dumb Assholes’ Speech

Years Of Fighting
Teaching My Son
To Believe In That Man
Racist Human Being
Racist Ground Will Live
Shame And Regret
Of The Pride
You’ve Once Possessed

War For Territory
War For Territory
Estar a comer uma fatia de bolo de chocolate acabado de sair do forno, sentado num divã perfeito para as medidas do meu corpo, escutando Verdi e inalando opiáceos de incenso, num fim de dia quente de Verão. Haverá algo mais tranquilizante, mais remediador para o espírito? Sim; haverá sempre algo melhor, qualquer que seja a situação que se lhe oponha: estar contigo, nem que me estejas a fazer mal.


Pela manhã cedo, o pequeno Buda saía do seu palácio e entrava floresta adentro. Havia aí um lugar quase inacessível onde ele gostava de se sentar, ser rodeado por todas as formas de vida da Natureza, e rir. Esses momentos do dia eram sempre amenos; qualquer que fosse a época do ano, havia sol, e céu azul. A Natureza amava o rapazinho gordo de olhos semicerrados que a fazia feliz. Às vezes, o pequeno Buda recebia uma visita da cidade, para aconselhamento, mas só se encontrava com ele quem conseguisse chegar àquele lugar. As suas lições de vida eram muito apreciadas, não tanto pela vaguidade de um conselho oracular, mas pela simplicidade, carregada de profundos conhecimentos de vida, de que essas pequenas frases se compunham. Ninguém amava eroticamente o ser mais amado da Natureza, e, um dia, um viajante alemão, de olhos esbugalhados, por trás das lunetas curvas e pequenas, que ao fim de dois meses conseguira encontrar aquele ser que, fisicamente, classificou de "anão com peso regular"; esse viajante alemão perguntou ao pequeno Buda porque é que ninguém de entre os Homens o amava. O pequeno Buda, com poucas palavras, explicou àquele senhor de hábitos estranhos e sotaque acentuado que a Mãe Natureza amava Buda pela mesma razão que o fazia não ser amado por ninguém. A Mãe amava Buda porque ele era o oposto de toda a beleza que os homens admiram. Buda era a beleza primordial, a beleza quase selvagem, quase Terra. E a Mãe alimentava-se da Terra. Como o pequeno Buda era quase tão filho da Terra como da Mãe, a Mãe alimentava-se da Terra que Buda era e tinha. Porque Buda não era humano; humano era o corpo em que a Mãe o engarrafara. Duas horas depois, o alemão era ainda um vazio pleno de incertezas.

26 julho 2006

The Doors - Touch Me




TILL THE STARS FALL FROM THE SKY
Mão Morta - Escravos do Desejo



---DÓI-ME A ALMA---

Moonspell - Magdalene



Have you ever loved a woman
who should be that little intruder
in the one that you should be

Share the snake with us,
swallow the snake for us...

You have learnt heaven through impure lips
so different from what you have been told
so different from what you have seen

And now that you learned you will have to release
the tender arms of a woman
which would have strangled you to let you live
you will have to elect (choose) the fainting arms of this cross
which are just killing you to let you live...

Share the snake with us,
follow the snake for us...

25 julho 2006

The Rolling Stones - Paint It Black

Rammstein - Stripped

Rammstein - Sonne



The Snow White... Is You

Longe de tudo; sozinho, por minha conta, responsável pelos meus actos. Sem alguém que me vista com seus gestos, como tinha Sophia. Estou neste momento nesse mundo árido de um tempo real, esse mundo em que Vergílio Ferreira sentiria uma abafação de todo o espaço, uma pressão que lhe fazia carregar a cabeça de sangue. Esse mundo em que um aristocrata de Eça tomaria constantemente as decisões erradas, sempre esperando pela sua riqueza para o segurar, sempre mantendo a sua pose. Aqui, Campos estaria eufórico, absorvendo a multiplicidade de imagens que a Boavista, pela manhã, pode dar - ou estaria ansiando por um qualquer navio onde, encostado para trás na cadeira do convés, pudesse partir para o sossego. Reis estaria a ir-se embora também, em direcção ao campo, onde está Caeiro. O Ortónimo deprimiria entre tragos de vinho e sorvadas de ópio. Antero, perante a mendigagem que, pelos chãos, faz o triste espectáculo de serem como são e, sem qualquer estima para si próprios, no fim pedem o óbulo do espectáculo; Antero, ao vê-los, suspiraria por um Socialismo que, já o sabemos agora, nunca existirá. Quanto a mim, que não posso estar junto de todos eles, visto a roupa de estar nesta sociedade, escondendo dentro de mim o selvagem que quer um dia estar sozinho: fiz a minha escolha, Aristóteles, não sou deus, sou animal.

24 julho 2006

FIM
quando voltaste, os teus olhos e as tuas mãos eram
chamas a falarem para mim.
eu estava na cama onde nasci vezes demais.
peço-te, nunca esqueças o meu olhar de quando
voltaste.
era de noite. eu não esperava mais nada.
e tu voltaste. tão bonita.
és tão bonita. no mundo, deve haver um jardim tão
bonito como tu.
voltaste.
eu sorri tanto. fui feliz e, nesse momento, morri.
José Luís Peixoto, A Casa, a Escuridão (2002)

23 julho 2006

EX IMIS TEMPORIBVS

05 julho 2006

NIETZSCHE:
Oh no—
Let’s face it. Nobody likes being chained
to the wall by somebody else’s imagination.
Please! Wipe me out!

THE DANGEROUS MAN:
I’d do it if I could, Mr. Nietzsche.

NIETZSCHE:
You can do it. I want things said to me—
that will be very disturbing —not to other
people of course, but to myself in particular.
I want things said to me, that will cut into
me like a knife. In that hope, I want everybody’s
collaboration.

THE CHILD:
Why should we collaborate with you, Mr.
Nietzsche? A: We do not trust you, and B:
we do not like you.

Richard Foreman, Bad Boy Nietzsche

15 junho 2006

JORNADA - 4

Vasco da Gama; correnteza de cadeiras no andar da restauração, cá fora, a ver o rio. O melhor sítio do Vasco para um dia quente de sol. Mas nem a cúpula da Utopia me distrai de ti. Queria-te aqui, a ver isto comigo. Não teria necessidade de escrever-te, porque estavas a viver tudo isto comigo. Vou aqui ficar um pouco mais, a lembrar-me dos momentos até agora em comum contigo, vou ver a tua imagem, e vou juntar-te a mim - desejando que aconteça fora da imaginação.

14 junho 2006

JORNADA - 3

Saindo pela porta giratória do CCB, no Centro de Exposições, o cantinho mais à esquerda, resguardado por uma pequena selva cor-de-rosa. Já almocei, no McDonald's de Belém, depois comprei uma embalagem de seis pastéis, comi dois, e um farto pedaço de salame de chocolate. Nem assim, tal não chegará nunca, como nada chegará, para que te esqueça. A todo o momento dou por mim a correr para a tua imagem que trago comigo. Encher-te de mimos; dar-te o que sinto por ti. E, juntos, olharmos a parte da Margem Sul e do Tejo que se pode avistar daqui; enquanto olhavas, ia enchendo esse terno pescoço de repenicados beijos. Tudo seria tão melhor, se estivesses aqui!

13 junho 2006

JORNADA - 2

Anfiteatro dos Jardins Gulbenkian. Lugar mágico. Até parece que não há aqui ninguém, até parece que não passam aviões por cima a toda a hora, como se os pássaros, as folhas ao vento, a sombra das árvores, todo este bucolismo abafasse a vida que há à volta. Era capaz de viver aqui para sempre. Aqui, na segunda fila a contar da direita (vindo do acesso mais à esquerda - de quem vê por cima), quarto lugar; e, no terceiro ou no quinto (ou mesmo no quarto), tu. A olharmo-nos, a olharmos a letícia nos olhos das criancinhas que na skene brincam, a olharmos o canto do lago, ao fundo esquerdo, e a perdermo-nos depois um no outro. Dia mágico, que para ser real bastavas tu.

10 junho 2006

JORNADA - 1

São oito e cinquenta e oito. Ainda penso em ti. Falta uma hora para que o comboio chegue, e não me sais da cabeça. Lá, para onde vou, também lá estarás, tal como estás aqui? Eu sei que sim, inevitavelmente, porque não penso em mais nada senão em ti. Tua levo uma imagem, na qual sorris de uma forma indescritível; talvez a única coisa a dizer é que é um sorriso teu, e isso dá logo a ideia da unicidade do esplendor daquela imagem, que terceiros fizeram. Vou olhá-la atentamente, não para não te esquecer mas para me alimentar. Tu bastas-me, e eu quero bastar-te.

03 junho 2006

Espelho meu, haverá alguém mais bela que ela? Pois sim, seu campónio depravado, há; mais bela que ela só ela sem ti, só aquela "ela" que não conheces, porque é a que não te conhece. Ouvindo isto, não tive outro desejo senão fazê-la ainda mais bonita; além de não me conhecer, nunca se cruzaria comigo. Decidi com toda a minha resignação. Mas quem sou eu para decidir ou, sequer, resignar?Eu sou daqueles que, fruto da noite, se embebedam do mal alheio e o tornam seu. Se calhar por isso os deuses, aproveitando para me contrariarem, me aproximaram dela. Sou uma sanguessuga dos podres que grassam nos seres que procuram aproximar-se da perfeição da felicidade. Eles têm esse objectivo; eu sou algo que não pode sequer pensar em objectivos: minha única função é sacrificar-me para e por eles; por todos eles; mas fui destacado para ela.

07 abril 2006

A viagem foi muito cansativa. O ar frio e húmido inutiliza os panos encardidos e sujos em forma de roupa que me cobrem. É noite. No meio das casas escuras e precárias, uma que emana luz; uma taberna. É disto que preciso; um bom vinho, uma mulher fácil de formas cheias, uma cama para passar o resto da noite. Cá fora, uns porcos vão tratando da imundície que atola o chão enlameado. Antes de entrar, ajeito o alforge onde levo a razão da minha presença aqui: um documento de vital importância que o Rei, refugiado num pequeno bosque rodeado de inimigos, envia ao seu cunhado, rei desta terra, e seu único aliado. Que acontecerá se o papel se perder? Muitas vidas, e se calhar entre elas todas onde corre o mesmo sangue que em mim, cessariam em menos de um mês. Se entrar nesta taberna, deitarei por terra o futuro da insígnia que, à nascença, tatuaram-me no peito? O vinho, terá veneno? A mulher, uma espiã? A cama, meu último e eterno repouso? O meu corpo está mais fatigado que o do atleta-hoplita próximo de Atenas, falta-me ainda um par de dias de viagem - mas não posso parar. Não vou parar. A vida do Rei acima das hesitações do meu corpo.

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